terça-feira, 27 de abril de 2010

O HAITI SOB O OLHAR DE UM JOVEM BRASILEIRO




Pouco tempo depois do Haiti ter sido violentamente sacudido pelo terremoto que aconteceu no dia 12 de Janeiro desse ano, deixando um saldo de 200 mil mortos, 500 mil desabrigados e 250 mil feridos, meu filho Eduardo partiu para o país caribenho.
Duda é oficial-da-marinha brasileira e piloto de helicóptero. Ele estava a serviço do Destacamento Aéreo Embarcado do Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral com sede em São Pedro da Aldeia no Rio de Janeiro, e voa o helicóptero Esquilo, apelidado de Tudão, por seu emprego geral, entre alguns a busca e o salvamento.
Minha nora Dulce apoiou Duda nessa missão entendendo seu caráter humanitário. Todos nós vimos aí uma grande oportunidade de exercício humanitário, uma dessas chances que a vida nos dá de sermos úteis e vivermos de fato a solidariedade.
Pedi então ao meu filho que me contasse informalmente o que viveu, sentiu e percebeu dessa tão rica experiência, que agora compartilho com você!
Duda já tinha estado no Haiti no ano anterior em missão de paz pela Marinha Brasileira que atuava assim como nosso Exército e nossa Força Aérea com a ONU na MINUSTAH - Mission des Nations Unies pour la stabilisation en Haiti. Ele relembra a situação naquela época: " Vi um país, assolado por uma miséria sem precedentes nas Américas, instabilidade política e falta de segurança para sua população, provenientes de um histórico de exploração colonialista, aliado a uma economia frágil. Esses foram grandes argumentos para o estabelecimento desde 2004 do Brasil chefiando uma missão de paz da ONU, a MINUSTAH"
Lembro de sentarmos juntos para ver as fotos que ele tirou e que apesar de tudo registravam um povo alegre e sorridente sob um céu muito azul e um mar deslumbrante. Após o terremoto, o cenário ficou totalmente comprometido. As fotos que vimos depois falavam de uma condição ainda mais dolorosa e difícil para os nossos irmãos caribenhos.
O mundo então parou para se unir no socorro aos sobreviventes enviando navios, aviões e porta-aviões para Porto Príncipe, capital do Haíti e epicentro do terremoto. Duda junto com oficiais, marinheiros, enfermeiros e médicos brasileiros embarcaram no navio italiano Cavour que também seguiu para lá: "A Itália havia destacado para a missão o  Navio-Aeródromo Cavour, uma novíssima belonave, capitânia da Marina Militare Italiana.O embarque dos brasileiros ocorreu às nove horas da manhã, de uma quinta-feira chuvosa no porto de Mucuripe, em Fortaleza. Dirigimo-nos para Mucuripe a 1ooo pés, e após receber autorização do Controle de Fortaleza, descemos para 500 pés a fim de nos posicionarmos no Delta do navio ao seu bombordo, pois o mesmo se encontrava atracado por boreste. Fizemos uma passagem seca a bombordo afim de checar as informações de vento no convoo e de ficarmos no visual da torre. O Águia 57 recebeu a autorização par abandonar a formatura, com curva à esquerda, mantendo 300 pés após determinação da torre do navio. Fiz dois circuitos de espera, e finalmente, recebi a autorização para entrar na aproximação final. Pedi para o 1P acusar a final. Cheque pré-pouso completo, toquei no spot 5. Era a primeira vez que uma aeronave brasileira beijava o convoo daquele grande navio.O Navio é moderníssimo. Fruto de uma nova geração de navios-aeródromos, a Nave Cavour é um navio multi-propósito construído para operações aeronavais com helicópteros e jatos AV-8B V/STOL. Possui a capacidade de embarcar viaturas de fuzileiros navais, tornando-o uma arma, sobretudo, de projeção de poder sobre terra. Contudo, sua primeira missão real seria muito mais nobre: a ajuda humanitária. O navio foi carregado de tudo o que seria possível para ajudar a população haitiana de imediato. Leite, arroz e água, entre muitos outros gêneneros ocupavam juntamente com tratores, empilhadeiras e escavadeiras, mais da metade do hangar. As aeronaves ficaram espotadas no convoo, juntamente com ambulâncias e viaturas dos Carabinieri a famosa polícia italiana."
A missão que durou cerca de dois meses envolveu momentos de muita aprendizagem e trabalho. Porto Príncipe, como todos acompanharam pelas notícias que saíram na mídia, reunia navios de vários países do mundo, assim como também o aeroporto do país que concentrava um movimento atípico de aeronaves estrangeiras. Em terra, havia a grande massa humana caminhando a esmo, sem destino, pedindo ajuda, procurando por parentes perdidos, buscando alimento e atendimento de médicos e enfermeiras que trabalhavam nas ruas em barracas transformadas em hospitais.
A agitação nos céus ficava por conta dos helicópteros que transportavam feridos, alimentos, remédios. Duda comentou um pouco dessa rotina : "Voos de EVAM começaram a se intensificar. Uma menina de 8 anos, em coma com grave traumatismo craniano foi trazida a bordo a fim de ser operada, e logo em seguida foi removida. A sistemática do apoio médico no Cavour funcionava da seguinte forma: feridos necessitados de cuidados maiores, que pudessem ser evacuados e que pudessem ser tratados a bordo eram trazidos em aeronaves SH-3D e EH-101 para bordo. Sua permanência era rápida - apenas o suficiente para que sua recuperação fosse acelerada e seu estado de saúde melhorasse. Desta forma, a enfermaria do navio não ficaria lotada, permitindo uma rotatividade maior, e por consequência um maior número de atendimentos.Um padre haitiano com uma grave lesão em uma das pernas e com amputação acima do joelho foi trazido a bordo.Seu quadro de saúde era delicado, devido a uma infecção na perna, o que poderia ocasionar a perda inclusive de seu joelho. O padre foi colocado numa câmara hiperbárica localizada dentro do hangar do navio, onde submetido a uma pressão rica em oxigênio, seu processo de cura seria mais rápido. Após a exposição na câmara hiperbárica, e feito uma cirurgia por um médico brasileiro do ministério da saúde, o padre foi levado de volta ao Haiti."
Momentos de profunda fragilidade humana são registrados nessas horas de dor e sofrimento, mas quase sempre acompanhados de verdadeiro acolhimento: " Um menino de uns 7 anos de idade, desembarcou da aeronave. Seu olho direito estava coberto por bandagens. Parecia assustado, com um semblante que registrava não entender muito bem o que se passava a bordo. Uma enfermeira italiana imediatamente começou a fazer carinho em sua cabeça, de modo que ele ficasse mais tranquilo. Parece que funcionou."
Sempre funciona! Quando há uma intenção sincera de ajuda e cooperação somos tocados de imediato.Nestas circunstâncias, todos nós independente da idade que se tenha, busca conforto emocional, aconchego e reconhecimento.
A grande questão que envolveu essa tragédia no Haiti foi a espetacular mobilização internacional que moveu a Terra para uma missão completamente diferente de tantas outras que já fizeram parte da história humana, como a primeira e a segunda grande guerras mundiais.Podemos perceber que caminhamos para uma nova fase de nossa jornada humana, onde países de culturas e interesses diversos são capazes de se unirem para proteger e não atacar. Se unem para conciliar e não separar. Se unem para somar e não dividir...
A verdade é que a dor, a despeito de todo sofrimento que traz, também é capaz de realizar mudanças e transformações pessoais muito profundas em todos nós!
Registro aqui o sentimento de gratidão do meu filho Duda: "Agradeço a oportunidade de ter voado em conjunto com a Marinha Italiana e ter participado de uma missão real de ajuda humanitária internacional!"

domingo, 25 de abril de 2010

Se os seus olhos forem bons...

Se os seus olhos forem bons...

A COLCHA DE RETALHOS E O GRANDE ARQUITETO DA VIDA

Meu encantamento e envolvimento diante de uma colcha de retalhos é daqueles longos, cumpridos (realizados) e que beiram a fascinação!
Está nas mil nuances, nos diferentes temas florais, nos xadrezes multicoloridos, nas bolinhas divertidas que parecem  saltar, nas listas finas e largas, nos temas infantis e  inocentes, em tudo, tão diverso e incrivelmente harmonioso, costurado, atado, organizado e composto!
Um tanto do meu encantamento vém da minha infância, das lembranças da minha avó materna, a Vovó Vite que compunha e costurava aconchegantes colchas de retalhos recheadas de lã de carneiro. Posso fechar os olhos e sentir o cheirinho de café quente que entrava no acanhado em que ela dormia, sempre entulhado de livros, cinzeiros, fumaça, um violão e claro cobrindo sua cama patente, a deliciosa e envolvente colcha de retalhos... A cama da minha avó convidativa, embalava com carinho netos, filhos, sobrinhas, irmãs, enfim quem buscasse afeto e ternura... Minha avó adorava ler, comer e conversar na cama!
Ao amadurecer, comecei a perceber que a despeito de toda ternura que as colchas de retalho me despertam por causa minha avó, tem algo maior, mais profundo, guardado no subsolo da minha alma e que tem relação com a vida! Vamos ver o que você acha a respeito disso...
Pense em seus familiares, por exemplo nossos companheiros de jornada, aqueles que Deus nosso Pai, nos deu como irmãos, filhos, noras, marido, mulher ...
Voce Já parou para observar as famílias de um modo geral ou ainda a sua de um modo mais particular?
Quanta diferença entre pensamentos, pontos de vista, personalidades, gostos, tendências, aptidões, aparência física, escolhas, caminhos, destinos - enfim somos como retalhos diversos entre si, individualidades particulares e únicas, mas que unidas fazem todo o sentido, exatamente como uma colcha de retalhos -  misturada, linda e completa!
Repare que alguns retalhos seguem mais unidos (como alguns irmãos) porque seus desenhos e tramas combinam, são mais compatíveis e parecem formar uma estrutura suave e natural ... Outros Retalhos são colocados mais distantes uns dos outros (como também alguns  Irmãos!) porque coladinhos entram em choque, ficam desarmonizados, mas ainda assim fazem parte da mesma encantadora colcha de retalhos que é como uma família!
Normalmente, as colchas americanas seguem um padrão que é emoldurado por um tecido liso ou estampado que ligará todos os retalhos não importando onde estejam localizados  se em embaixo ou em cima, à esquerda ou à direita ... esse tecido, que é na verdade uma moldura (como os pais) é uma linha condutora da colcha toda que estará  permanentemente ligando todos os retalhos, como acontece aos filhos e pais ligados pelos laços consanguíneos e também os do coração....
Vejo  uma colcha de retalhos nos ambientes de trabalho, onde profissionais  diferentes entre si, com valores culturais, educacionais e as vezes até corporativos são colocados juntos para um mesmo fim, como produzir ou vender algo, prestar um serviço ou informação...como os retalhos diversos se completarão numa colcha, acontece com profissionais com suas experiências diversas, contribuíndo para que o desenho, plano ou projeto saia como o desejado: um trará aquilo que falta no outro!
E parece até mesmo que o mundo é uma grande colcha de retalhos, com climas, aspectos,  histórias e povos diversos circunscritos a uma realidade temporal mas quando entrelaçados formam ricas, belas e profundas experiências humanas, que só somam no final, apesar dos choques e  sobressaltos naturais que a diversidade  nos causa...
Acredito que a palavra mágica que define uma colcha de retalhos e a própria vida é  Diversidade!
Essa é a grande característica da colcha de retalhos formada pela humanidade como um todo: absolutamente harmoniosa e diversa!
E assim podemos imaginar: A Linha que costura é a tolerância  e a flexibilidade, sempre dando voltas, cedendo, apertando, amarrando, ligando, soltando ...
O Tecido que faz a moldura da colcha é o Amor aproximando, reforçando, recompondo, perdoando, esquecendo, despertando ...
Os Retalhos de Tecido somos todos nós, viajores de muitas experiências identificados em tramas pessoais com nossas dores, alegrias, conquistas, perdas e por isso mesmo profundamente diversos e complementares .. buscamos no outro o que não há em nós!
Mas a verdadeira poesia da colcha de retalhos está em Deus, O Grande Artesão e Arquiteto da Vida, que em sua obra  permanente segue criando e unindo sempre: o escuro e o claro, o pesado e o leve, a terra e o céu, o corpo e o espírito, o nascimento e a partida, o choque e a calma, sempre invariavelmente a caminho da   harmonia, da   beleza e  da luz!


segunda-feira, 19 de abril de 2010

A CADEIRA DA MINHA DENTISTA E A REVISTA SORRIA...

Não deu pra escapar...
Uma dessas manhãs quando voltava com meu marido de uma caminhada, encontrei na rua, minha amiga querida, a Mari, que é também minha dentista, maravilhosa por sinal!!
Aí ela disparou: fazia tempo que eu não aparecia, não podia sumir daquele jeito, tinha que ir ao consultório para uma geral...
Convencida de que ela estava certa, marquei e no dia combinado sentei na cadeira para a sessão de tortura...
Não tem jeito! Que me desculpem todos os profissionais que zelam pela nossa saúde bucal, mas cadeira de dentista dá um medo daqueles, mesmo que seja só para dar uma olhadinha...acontece que raramente a coisa fica por aí, e quando os tais motorzinhos começam a zunir, haja controle mental para pensar em outras situações mais agradáveis!
De qualquer modo é preciso ser justa: ela tinha razão, era mesmo necessário e com a habilidade e carinho dela, acabei sobrevivendo com a orientação final de comprar uma determinada escova de dentes. Lá fui eu para a farmácia. Objetiva, entrei na primeira que eu vi. Assim que me dirigi ao caixa para pagar a compra feita, a funcionária muito sorridente (engraçado como a gente repara nisso depois que vai ao dentista!) me ofereceu uma revista com um garoto ruivinho de óculos (que você vê aí ao lado!) que me lembrou meus filhos quando pequenos e também minha nora Dulce que adora ruivinhos...comprei por R$2,50 a revista que muito apropriadamente para aquele meu momento chamava "Sorria"...
Interessada, cheguei em casa e li a revista inteira sem deixar escapar inclusive o editorial e a ficha técnica assinada pela editora Mol. É uma publicação bacana, a começar por seu caráter social: o preço da revista, descontado os impostos, é 100% revertido para o GRAACC, uma organização sem fins lucrativos, criada para garantir atendimento de ponta às crianças e adolescentes com câncer. O trabalho dessa organização é bastante conhecido; o hospital da entidade que é um centro de referência no tratamento da doença, faz milhares de atendimentos por mês, entre consultas, quimioterapia, cirurgias, transplantes de medula óssea, internações e pesquisas entre outros procedimentos.
Agora o que me chamou a atenção foi o conteúdo e a "cara" da publicação: inteligente, jovem, criativa e comprometida com uma questão social da maior importância. Lá bem no meio da revista achei as informaçõs que eu buscava: afinal como funciona essa revista?
Seis empresas de peso patrocinam a revista e esses recursos permitiram no primeiro ano do projeto (a revista tem dois anos) que cada R$1,00 investido virasse R$ 1, 92 doados. Em troca do patrocínio dado à Sorria as empresas recebem páginas para anunciar suas marcas. No entanto diferente do que você possa imaginar, a pauta é compromisso da redação exclusivamente, ou seja os jovens jornalistas que ali trabalham têm autonomia para decidirem o que vai na publicação que é bimestral. A revista vai então para a farmácia que é a Droga Raia e que vende ali mesmo no balcão a publicação. Como há filiais em cinco estados Brasileiros a venda é considerável: em dois anos foram mais de R$3.400.000,00 arrecadados líquidos para o GRAACC! 
E isso tem sua razão de ser pois a revista reflete uma nova maneira de fazer jornalismo comprometida com a ação social não somente com a divulgação de informações importantes. O Layout é lindo, tem fotos curiosas e os textos são leves, daqueles que a gente acha uma delícia ler, é como se estivéssemos conversando com um amigo, um vizinho ou alguém muito conhecido, tal a intimidade e laço que cria de imediato...títulos como : "Areia no cocuruto", "Xô preguiça" ou ainda "Adotar é o bicho" vão direto a pontos como as simples coisas da vida que não custam nada e fazem enorme bem para a gente...
A questão ambiental também é valorizada pela rapaziada da revista, a tinta de impressão da Sorria possui o selo BRC (conteúdo biodegradável de fonte renovável) ou seja é produzida com matérias-primas biodegradáveis retiradas de fontes renováveis como o óleo de soja.
Nessa edição de 13 de Abril a 13 de Maio, tem uma reportagem muito bacana com a cineasta Laís Bodanzky (ela dirigiu Bicho de Sete Cabeças ) que junto com o marido exibe cinema pelo Brasil para quem nunca entrou numa sala de exibição...romântico e lindo! me lembrou Cinema Paradiso...o que é muito animador pois faz a gente constatar que há pessoas com um novo olhar, um olhar iluminado para a função que desempenha e principalmente para o objetivo dessa função!
Também há uma matéria para refletirmos sobre o que é o sucesso para cada um de nós. Um conceito subjetivo que muito além de status, dinheiro ou reconhecimento público, abrange outras vertentes como sentimentos, desejos e valores pessoais. Uma parada estratégica para pensar...e olha, esse é também o perfil de Sorria, fazer a gente pensar e por isso sentir, o que é melhor!
Logo que abri a revista e vi o editorial Faço, logo existo entendi a filosofia reinante: desde a editora-chefe Roberta Faria aos editores e repórteres, todos estão ali para fazer a diferença, ou seja escrevem, reportam, divulgam e compartilham por uma razão importante que é contribuir de forma sistemática para o GRAACC.
E o que isso significa? Significa contribuir para que mais crianças e adolescentes com câncer sejam atendidos como precisam, que sejam ajudados e que tenham chances de uma vida com qualidade e alegria!
Então se você for ao dentista e como eu, precisar de uma nova escova de dentes, não esqueça da revista Sorria!
Você também pode participar escrevendo para evento@revistasorria.com.br.
Valeu gente, até mais!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Se os seus olhos forem bons...

Se os seus olhos forem bons...

O NOSSO AVATAR, CHICO XAVIER

Lembro como se fosse hoje! Dia 30 de Junho de 2002 amanheceu ensolarado mas o sol não foi capaz de tirar de casa quase ninguém : todas as redes de tv, rádios e jornais cobriam a chegada da seleção Brasileira com o título do pentacampeonato ... Era só alegria para o povo brasileiro apaixonado por futebol!  E foi exatamente como Emmanuel (o guia espiritual do Chico) havia dito a ele que seria: O nosso mais querido médium partiria para o plano espiritual no dia em que os brasileiros estariam felizes, e assim aconteceu na pátria mundial do futebol!
Acho que o Chico queria sair mesmo a "francesa" sem despedidas e muitas lágrimas, do mesmo jeito que chegou em 2 de Abril de 1910 na pacata cidade mineira de Pedro Leopoldo, num lar humilde e discreto. Um autêntico lar brasileiro de muitos filhos, pobreza e dificuldades...
Mas Chico na sua elegância e sobriedade natural (a fineza espiritual que ele tinha!) achou equivocadamente que uma partida camuflada por uma comemoração nacional pouparia a todos que o amavam e respeitavam (mais de 10 milhões de brasileiros!!) a tristeza natural de quem parte e deixa um imenso vazio entre nós...é que o Chico esqueceu que o Brasil além da pátria do futebol é também a pátria do evangelho e ele sendo nosso avatar não poderia sair assim de fininho e tão discretamente...
Sei por mim que desliguei a tv assim que a notícia da partida do Chico veio! Fui com meu coração nas mãos pedir por ele junto com a minha secretária, a Cris. Fizemos uma prece muito sentida, pois para nós era como se um ente querido por demais, tivesse ido assim de repente, sem avisar...e olha que todo mundo sabia que ele iria um dia porque andava adoentado, estava velhinho e muito frágil, com a saúde debilitada por seus 92 anos de idade e 75 anos de trabalho muito ativo no espiritismo. Na verdade, uma vida inteira dedicada ao próximo e às tarefas mediúnicas...acontece que ninguém queria que ele fosse porque o Chico era o nosso avatar:o mensageiro cordato e doce que vivia a prática do evangelho de Jesus aqui na Terra!
Chico representava o melhor do nosso Brasil, ele era a alma do povo, esse povo ecumênico que congrega todas as religiões do mundo pacificamente, que reúne todas as raças do mundo em harmonia e paz,  e apesar de tudo,um povo marginalizado e sofrido...
Quem melhor que o Chico para entender a dor da perda de um filho? Quantas mães não choraram no seu ombro e não foram acolhidas e consoladas pelas psicografias que ele trazia com recados dos filhos saudosos?!! Quantas injúrias e difamações ele recebeu por parte da incredulidade alheia que desconhecendo os mecanismos mediúnicos (absolutamente naturais!) o julgava injustamente, e ele sem jamais revidar ou reagir? E foram mais de 10 mil cartas psicografadas...
Eu mesma de forma muito egoísta, lamentei algumas vezes não termos mais o Chico aqui conosco com sua impecável ternura, acolhimento moral e mediunidade para me aconchegar nos seus braços quando meu filho Nando também partiu em 4 de Abril de 2007 aos 25 anos de idade...E eu confesso, que pedi em preces que ele, o nosso Chico acolhesse Nando lá em cima, levando ao meu filho a coragem e aceitação que eu desejava tanto lhe passar... 
Nosso avatar  podia mais que o avatar de James Cameron!
Chico era o mensageiro, o consolador infalível e incansável de todos que sofriam as dores do corpo como o desemprego, a doença, a fome e o frio, ou ainda as dores do espírito, como o abandono, a culpa, a vingança, o ressentimento, a mágoa e outros processos obsessivos que infelicitam tanto os de cá como os de lá...nosso carteiro como ele se auto-intitulava era o mais certeiro e pontual de todos, conseguia fazer chegar as mensagens que vinham sem saber a rua, cep ou destinatário. O único endereço que seu coração conhecia era o Amor, o mais sublime de todos os sentimentos, a presença de Deus em nós!
Sua vida foi a mais coerente ação pautada na mais autêntica caridade, na fé e na prática evangélica!
Quantos de nós renunciaríamos a vaidade e ao orgulho de ser aclamado e reconhecido públicamente? Quantos de nós renunciaríamos ao reconhecimento pecuniário, a conta bancária abastecida pelos direitos autorais de 412 livros publicados em mais de 30 idiomas com 30 milhões de exemplares vendidos?!! Difícil não?
Mas ele fez isso com a humildade de quem se via apenas como um lápis, um instrumento nas mãos da espiritualidade...ele se via como o mais simples de todos os servidores, o Cisco Xavier como gostava de dizer!
O escritor e jornalista Marcel Souto Maior que publicou a biografia do Chico conta um caso engraçado: uma senhora espírita procurou o Chico e disse que estava muito feliz porque tinha descoberto que havia desencarnado numa outra vida como mártir cristã nas garras de um leão. E então ela perguntou ao Chico se ele sabia algo sobre sua última encarnação. Cansado desse tipo de preocupação ou foco, ele respondeu: -Ah sim, eu era a pulga do leão! Assim era o homem-Chico, despretencioso consigo mesmo, incapaz de se dar algum valor. Uma lição para nossa tão assoberbada vaidade humana!
Essa postagem é para celebramos o centenário de nascimento do Chico mais uma vez e por muito mais que não caberia em milhões de Blogs espalhados por aí. O fato é que falar, pensar, refletir e principalmente viver o "exemplo Chico" na sua conduta humana, nunca, jamais será demais para nenhum de nós.
Assim vamos aproveitar o momento, sendo espíritas ou não, sendo acima de tudo Cristãos, para conhecermos um pouco mais desse brasileiro que faz o coração da gente bater mais forte! Chico é nossa madre Tereza de Calcutá, é nosso Mahatama Ghandi, é nosso avatar! 
Serviço: Chico Xavier - o filme dirigido por Daniel Filho em cartaz em todo o país
As vidas de Chico Xavier - Marcel Souto Maior, editora Planeta
O homem que falava com Espíritos - Luis Eduardo de Souza, editora Universo dos Livros

terça-feira, 13 de abril de 2010

BRASILEIRO GANHA CONCURSO INTERNACIONAL DE CONTOS

Dias Campos é o escritor do romance As Vidas do Chanceler de Ferro  publicado pela Chiado Editora, e de quem falei em meu último blog. Hoje estou postando o conto "NUNCA DESÂNIMO" do escritor vencedor do Concurso Mundial de Cuento y Poesia Pacifista .Ele concorreu na Modalidade Conto em Português apoiado pelo Movimento Literário Independente Filigranas de Perder  com sede na Colômbia.
O povo da Colômbia busca a paz usando a cultura e mais precisamente nesse caso a literatura, como agente transformador da sociedade. Dias Campos, mais uma vez de forma lírica e profundamente inspirado deixa as palavras fluírem e elas parecem vir lá de cima! Confira ...
NUNCA DESÂNIMO...
- Estamos aqui reunidos para tratar de um assunto de extrema importância e máxima urgência! Um verdadeiro escolho aos nossos legítimos interesses. – Havia apenas mais três integrantes nessa reunião. Por isso, a altiloquência da mediadora era um tanto desnecessária.
- Eu detesto quando ela começa com essa “ladainha ufanista”. – Comentava Marte com o parceiro da direita e a baixa voz.
- Ora, ora... Desde o último embate entre vocês, lá em Tróia, que você detesta tudo o que diga respeito a Minerva. – Respondia Ares, o seu equipotente grego, no mesmo tom e com picardia, relembrando ao deus da guerra sangrenta a derrota dos seus protegidos, face à epopeica vitória dos exércitos resguardados pela deusa da guerra justa.
- Quietos! A hora é de somarmos forças e não de nos dividirmos. – Cariocecus, o deus lusitano da guerra, interveio e pôs fim à quase celeuma. Minerva continuou:
- A humanidade cada vez mais se une em torno do pacifismo... E isso tem que ser revertido. Onde, o nosso proveito? Onde, o nosso prazer? – E a camarilha concordava em uníssono.
- É notório que os movimentos a favor da paz estão se organizando dia a dia e por toda a Terra. E, o que é pior, ampliam os seus tentáculos por meio das mais variadas formas, indo de discursos empolgantes, passando pelas passeatas e chegando à solta de balões brancos. – Prosseguia Minerva, em seu introito.
- Ora, não sei por que tanto alarido – desdenhava a divindade lusitânica. Quero recordá-la de que nunca abandonamos os nossos postos. Aliás, lembra de Heráclito? Pois não foi você, Ares, que bem soube deturpar a Luta dos Contrários, levando os contemporâneos do filósofo e os que se lhes seguiram a justificarem a guerra, pois dela resultariam a harmonia e a justiça?
- E olha que nem precisei de sacrifícios humanos para me estimular. – E os três riram a breve tempo, lembrando os prisioneiros que, volta e meia, eram ofertados a Cariocecus.
- Não questiono, aqui, os nossos feitos pretéritos – intervinha Minerva –, mas coloco à prova o nosso futuro, a nossa sobrevivência! – De repente, o silêncio se sobrepôs aos gracejos... e a circunspecção tomava conta das mentes beligerantes. Passados alguns segundos, Marte questionou:
- E o que mais poderíamos fazer para atacar essa onda pacifista? O que sugere?
- “Uma grande parte dos males que atormentam o mundo deriva das palavras”, disse Burke certa vez. Ora, lembrando que, na atualidade, praticamente não há mais fronteiras para a literatura, já pensaram no malefício que faríamos se conseguíssemos minar os espíritos de quantos tentam usar a palavra escrita em prol da paz? Ataquemos os escritores, e o estrago se multiplicará.
- E por acaso essa ideia é original? Também quero lembrá-la, oh querida irmã, de que jamais negligenciamos essa área do pensamento humano; tanto que bem soubemos inspirar muitos autores. Aliás, já que hoje estamos para as citações, recordo o americano Oliver Wendell Holmes: “A guerra é a cirurgia do crime. Por má que ela seja, significa sempre a extirpação de qualquer coisa pior.” – Marte não perdia nenhuma oportunidade de alfinetar a rival.
- E eu, o brasileiro Tobias Barreto: “Cada guerreiro que por nós combate é a ira de Deus que se faz homem.” – complementou Ares, aderindo à zombaria.
- Sempre a impulsividade sobrepondo-se à racionalidade... Não quis fazer alusão a esse ou àquele escritor, propriamente dito. Referia-me ao Concurso Mundial de Cuento y Poesía Pacifista, e que, pelo que fui informada, ganha adesões a cada minuto.
- Esclareça melhor o seu plano, Minerva. O que você pretende realmente? – Carioceus falava por todos.
- Eu explico: é notório que as palavras, sobretudo as escritas, sempre foram mais fortes do que as espadas ou canhões. Chegam a milhões e se perpetuam na história. Ora, indaguei a mim mesma, como contra-atacar os nossos inimigos e conseguir com que sejam derrotados?
- Como?! – Perguntaram, a uma só voz, os três armipotentes.
- O segredo está em convencer-lhes os espíritos de que são incapazes de mudar o ser humano. De que seus esforços, suas palavras serão sempre inúteis; uma luta em vão, uma tola utopia. – Um leve sorriso, misto de maquiavelismo e prazer, formava-se espontâneo nas fácies bestiais.
- Agora entendo aonde quer chegar, Minerva. Tratemos de convencer os participantes de que são impotentes diante da beligerância inata dos mortais e esse concurso será o maior fiasco de todos os tempos! – Era a primeira vez que Marte concordava com a parenta.
- É claro!... Com isso, toda a Terra reconhecerá que, se até seus poetas e prosadores deixaram-se levar pelo desânimo, do que valeria ao povo que os toma como exemplos perseverar no ideal pacifista? – Ares somava-se em entusiasmo.
- Brilhante, oh deusa da guerra diplomática! É como eu sempre digo: as boas ideias se revelam simples e eficazes. Sendo assim, proponho um brinde – e a potestade lusitana levantava a taça –: ao malogro desse concurso!
- Ao malogro! – E beberam, e riram, e celebraram por toda a noite.
Era preciso agir rápido. Cada divindade ficou encarregada de atuar em uma parte do globo. Marte, por exemplo, não abriu mão das Américas; Cariocecus, de toda a Europa... Minerva e Ares não se opuseram e dividiram o restante de comum acordo.
No dia seguinte ao refestelo, e mesmo sob a viva lembrança de Baco que bem lhes pesava ao raciocínio, os potentados partiram com seus exércitos rumo às casas dos concursandos. E o cerco teve início, implacável, impiedoso...
- Ah, como é nobre a sua intenção. E quão bela a sua veia artística! – Comentava Ares, consigo, junto a uma promissora poetisa. – Pena que tudo farei para tolher-lhe o ânimo. Que tal...? as últimas investidas da Coréia do Norte? Lançam uns mísseis aqui, outros ali... e a boa e velha Guerra Fria está mais viva do que nunca.
- Vejo que seu conto está prestes a acabar, pretenso aprendiz de best-seller. – Sussurrou Marte, em tom desdenhoso, a um romancista consagrado. – Quem sabe eu possa desencorajá-lo, enfatizando que o homem continuará a não dar ouvidos à história, pois os campos de concentração, que pensavam estar para sempre enterrados, ainda ardem nos corações bósnios, face ao extermínio perpetrado em Srebrenica?
- Nada como reinar aquém da Taprobana... – Cariocecus deleitava-se ao regressar a Lisboa. Nunca se desapegara do seu antigo Condado Portucalense... – Percebo vigor e idealismo neste jovem ensaísta. Seu currículo só tende a florescer. Bem... que tal se eu o lembrar do comércio escravagista que os nossos patrícios desenvolveram? Ou então... Dos arbítrios que seu avô salazarista cometeu? Certamente essa breve retrospectiva o envergonhará e o desalentará, pois o levará a crer que os mortais continuarão a se chafurdar no erro, século após século, mesmo que admitam a história como uma espiral ascensional.
- Que otimismo na terceira idade! Não pensei que chegando aos oitenta e dois anos ainda houvesse esperança dentro desse coração velho e cansado. Quer dizer que a literatura infantil é o seu passatempo? Curiosa coincidência... pois o meu é, justamente, desvirtuar a juventude! – Nunca viram Minerva tão pérfida! – Vejamos... Idade provecta, vida sofrida... Pois eu pergunto, senhora, se tem tão pouco tempo de vida; se viu guerras e até viveu comoções intestinas... será que ainda há tempo para ensinar algo de bom aos pequeninos, pois, mais cedo ou mais tarde, engrossarão as fileiras de soldados, revolucionários ou terroristas?
E os meses foram passando... A cada dia, os comandantes divinais eram informados por seus generais sobre as investidas aos participantes do concurso. Romancistas, poetas, contistas, sonetistas, ensaístas, novelistas... todos os que, com sua arte, procuravam contribuir para a prosa ou para poesia pacifistas eram acossados das mais variadas formas; nunca olvidando dos objetivos e dos meios traçados por Minerva. E toda vez que o quarteto divino se reunia para avaliar a ofensiva, era difícil saber qual deles cantava maior vantagem sobre o outro. Os semblantes, no entanto, camuflavam a realidade dos fatos, escamoteando-os nos torreões do orgulho...
E o concurso continuava... e por mais que os deuses guerreiros afirmassem que os resultados que obtinham eram satisfatórios, ou que os relatórios apresentados por seus comandados fossem, como diziam, positivos, o número dos participantes não diminuía; pelo contrário, mais e mais escritores se inscreviam!
- Eu não consigo entender o que aconteceu! – bradou Marte num arroubo de cólera, pois que encantoado pela angústia. Mas antes que algum dos demais ousasse uma justificativa, um general se aproximou e disse:
- Oh altipotentes, um nosso espião conseguiu uma cópia de um dos poemas finalistas. Tentará nos enviar o outro, bem como o conto selecionado, assim que a oportunidade lhe for favorável. – E o entregou à mentora belicosa.
Minerva estava trêmula e envergonhada; muito distante da genialidade que um dia inspirara Odisseu a imaginar um grande cavalo de madeira... Ares, então, tomou-lhe o papel e, em voz alta e pausada, começou a ler um soneto.
E a cada verso, em que se entrosavam perfeitamente decassílabos e alexandrinos, mais um quê de originalidade, revelava aos demais que o esforço que tanto despenderam, esse, sim, tinha sido em vão:
Um só caminho.
Em meu reino, de onde posso tudo ver,
conta bendita a que me doei,
só vejo a luz que de mim criei,
nunca desânimo, em que não quero crer.
E se muitos há que te levam a arder,
pecadores por quem sempre roguei,
avatares alhures enviei.
Segue-lhes os passos! Isso, sim, é viver.
Mas o homem insiste em se desviar...
e não se detém. Conquista; mata; erra.
Enloda-se no poder que o faz cegar.
Destarte, retorna ao pó pela guerra...
Mas, não duvides, nasceste para amar.
Faze, pois, o que te cabe! Paz na Terra!

O CHANCELER DE FERRO E A TERAPIA DE VIDAS PASSADAS

Arrogante, prepotente, autoritário!
Assim o escritor paulistano Dias Campos descreve alguns traços da psiquê do nobre prussiano Otto Von Bismark, conhecido como o Chanceler de Ferro. Bismark que exerceu na Prússia do século XIX,  uma política baseada no nacionalismo e no militarismo, é o personagem central do primeiro ramance de Campos, intitulado As vidas do Chanceler de Ferro.
Foram quatro anos de levantamento histórico e pesquisas para mergulhar no universo político, psicológico e social da Europa do século XIX. O escritor, num inteligente e intrincado exercício de criatividade ergue uma trama onde passado e presente se entrelaçam trazendo respostas para enigmas e mistérios, assim como também faz ressuscitar personagens marcantes da história como o rei da Prússia, Wilhelm I, a rainha Augusta, Napoleão III, imperador da França, e a princesa russa Catarina Orloff, entre outros.
Os ambientes palacianos são descritos com riqueza de detalhes e os personagens vivem intensos dramas, aventuras amorosas, intrigas, guerras, enfrentamentos emocionais e comédia...
Até mesmo o cientista e pedagogo francês Allan Kardek, Codificador da Doutrina Espírita surge nas páginas de As vidas do Chanceler de Ferro, para desvendar o mistério das "mesas girantes ou da dança das mesas" que movimentava os saraus e bailes das épocas palacianas.
O mergulho no passado histórico tem conexões com o presente. Um advogado brasileiro chamado Paulo, enfrenta uma crise pessoal que o leva a buscar ajuda de um terapeuta de vidas passadas. Acontece que Paulo é envolvido por pesadelos constantes com uma frase em francês que ele encontra também num raríssimo livro de Direito Penal Militar. Até mesmo, em seu ambiente de trabalho, Paulo se vê perseguido por quatro vultos assustadores. É na regressão que dura quarenta minutos que o leitor e o advogado entrarão no túnel do tempo e das memórias num jogo interativo que oferece deliciosas oportunidades de entretenimento e exercício mental na solução de charadas e enigmas...
Questões polêmicas como aborto, estupro, atentados e cataclismas naturais também são discutidas nessa viagem lúdica pelo espaço e o tempo. Outra agradável surprêsa está no fato do livro ter sido publicado primeiro em Portugal  (que não aceitou nossa revisão ortográfica) e assim o leitor estará o tempo todo fazendo correlações entre o nosso português e o português lusitano - encontramos situações curiosas tais como, celular é telemóvel, e os cachinhos do cabelo da rainha Augusta são canudinhos...Tem também para os apreciadores da boa culinária, uma receita fantástica de sopa de pinhão,da avó do escritor Dias Campos. 
Essa é uma viagem que vale a pena por tudo: é inusitada, alinha passado e presente, é comovente e intrigante. A passagem para esse expresso literário você encontra na Editora Portuguesa Chiado no endereço www.chiadoeditora.com
E no próximo blog, você conhecerá um pouco mais da literatura de qualidade de Dias Campos através de um conto premiado internacionalmente!
Até lá e muita luz!! 

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O que semeamos no campo do coração, com o Rio de Janeiro embaixo da água?

Numa carta de Paulo aos Gálatas, capítulo 6, versículo 7, o apóstolo diz : "Tudo o que o homem semear, isso também ceifará!
O que será que Paulo, o evangelizador dos gentios estava querendo dizer com isso? servirá sua mensagem ainda hoje, também para nós, tão ocupados que estamos com nossas vidas atribuladas ?!!
Pra começar: quem eram os Gálatas? Um povo da raça Céltica exilado de suas terras na região do Reno, hoje Germânia, fugindo das incansáveis lutas com os Germanos. Parte desse povo havia emigrado para a Asia Menor, onde fundaram uma colônia chamada Galácia. E Paulo havia plantado por lá no campo do afeto e do amor, o evangelho de Jesus: a boa nova que faz de todos nós, irmãos a caminho da mudança e da transformação...livres da escravidão do pensamento e das emoções!
Também somos como os Gálatas, exilados, mas não das terras, estamos exilados dos nossos sentimentos, os mais nobres e simples que nos fazem verdadeiramente felizes, como a solidariedade, o acolhimento, a aceitação plena do outro. Porém, não fomos expulsos por ninguém, nenhum povo conquistador nos colocou em fuga...somos sim exilados de nossa essência, por nossa opção e escolha pessoal!
Parece que não nos sobra espaço para semearmos as sementes dos bons sentimentos nos dias que vivemos, como pedia Paulo aos Gálatas. Não temos tempo para parar e sentir, ou melhor muitas vezes, sentimos, ignoramos e prosseguimos porque a nossa vida (a vida que escolhemos) nos cobra ação contínua em beneficio de nós mesmos e dos nossos e não temos espaço para a reflexão...Pobres de nós, de todos nós que esquecemos a regra básica de Jesus: não desejarmos ao outro, aquilo que não desejamos a nós, ou ainda desejarmos o melhor para o outro assim como desejamos o melhor para nós...
Com o Rio afundado nas enchentes, com mais de 160 mortos e tantos mais desabrigados, somos sim chamados a pensar no outro, a saírmos do conforto e bem-estar de nossas vidas acomodadas e tranquilas para exercermos a semeadura proclamada por Paulo. Temos que pegar nossas enxadas, pás, e boa-vontade para buscarmos o campo do afeto, onde nossos corações irão plantar o que os cariocas esperam de nós: compaixão, acolhimento e ajuda...E Deus em sua infinita sabedoria inunda os nossos campos com as águas das chuvas que nos impelem ao trabalho renovador de nós mesmos...
O que será que temos plantado nesse campo? Pensemos e busquemos dentro de nós a safra das nossas ações, entendendo que hoje o sofrimento é do outro, mas um dia poderá ser nosso!
Façamos como Paulo nos pede: se queremos amor, paciência, abnegação, ternura e acolhimento, plantemos isso tudo, dando primeiro de nós mesmos e depois, quem sabe, pela lei do semear e do ceifar, não colheremos também melhores ações para nós mesmos?
Que cada um de nossos irmãos cariocas possam ser lembrados nas nossas preces, no alimento que possamos enviar, na roupa, no remédio, no bom pensamento que possamos nutrir por eles e não somente na espectação que exercitamos diante das notícias que chegam de lá. Que o sofrimento do Rio, possa nos tirar da bolha que nos encapa e isola de tudo o que não diz respeito a nossa própria vida!
Sejamos como o simples lavrador que levanta com o sol  munido de amor e esperança para tirar da terra o alimento que o sustentará. Vamos também munidos da compaixão levantar dos nossos corações todos os sentimentos que nos empulsionam para a prática do evangelho de Jesus: semear o bem para ceifar o bem!
Há muitos sites onde podemos acionar nossa ajuda e buscar informações. A Ordem dos advogados do Rio que criou um mutirão humanitário para ajudar os flagelados, você pode consultar o site http://www.jusbrasil.com.br/. A cantora Alcione também faz show no Canecão com o objetivo de recolher ajuda. Você encontra informações no site www.sortimentos.com/.../rio_janeiro_show_alcione_flagelados_canecao.htm_
Ou ainda, se preferir digite no Google "ajuda aos flagelados do Rio" e você encontrará os caminhos...