quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Se seus olhos forem bons...: ENTREVISTA COM WAGNER DE ASSIS, DIRETOR E ROTEIRIS...

Se seus olhos forem bons...: ENTREVISTA COM WAGNER DE ASSIS, DIRETOR E ROTEIRIS...: "Um pouco antes do lançamento do filme Nosso lar entrar em cartaz em todo o país, entrevistei para o jornal espírita Correio Fraterno, o dire..."

ENTREVISTA COM WAGNER DE ASSIS, DIRETOR E ROTEIRISTA DO FILME NOSSO LAR

Um pouco antes do lançamento do filme Nosso lar entrar em cartaz em todo o país,
entrevistei para o jornal espírita Correio Fraterno, o diretor e roteirista Wagner de Assis, o ator Renato Prieto que faz o papel de André Luiz e também o Secretário Geral do Conselho da Federação Espírita Brasileira Antonio César Perri de Carvalho. 
Os bastidores desse filme maravilhoso são contados nessa entrevista, assim como também a visão da Federação Espírita Brasileira sobre a produção. Essa matéria foi publicada no Correio Fraterno em Agosto, mas como nem todos tem acesso ao jornal, decidi colocá-la aqui no meu blog. Vale a pena ler o livro, ver o filme e acessar o Correio Fraterno. O link está no fim da reportagem. A foto do Renato Prieto me foi enviada gentilmente pelo próprio. Prepare-se pois o Wagner e o Prieto têm muito para contar!


O MUNDO ESPIRITUAL AO ALCANCE DOS NOSSOS OLHOS...

Qual é a única certeza que o homem tem ao nascer? A de que um dia vai morrer. E essa convicção, quase sempre cercada por temores e curiosidade o acompanha ao longo da vida. Como será do lado de lá? O que encontraremos? São muitas as perguntas. E justamente por tratar do tema de forma instigante que o livro Nosso lar ditado pelo espírito André Luiz e psicografado por Chico Xavier, desde que foi publicado em 1944, é cercado por números que o colocam na frente na preferência do público leitor, espírita ou não. Em forma de romance, a trajetória espiritual do médico André Luiz foi traduzida para as principais línguas do mundo, com mais de dois milhões de exemplares. Na revista Veja de junho aparece entre os mais vendidos e em primeiro lugar na lista dos melhores livros espíritas publicados no século 20.



Assim, por ser considerado um best-seller, pode-se imaginar o tamanho do desafio que enfrentou o cineasta Wagner de Assis para colocar a obra nas telas do cinema com a dimensão doutrinária que possui. E os números na produção cinematográfica parecem seguir o livro: mais de cinco mil pessoas participaram do projeto, com mais de mil figurantes. Os efeitos especiais passaram por 90 profissionais e foram feitos em Toronto, no Canadá para que a colônia espiritual Nosso lar ganhasse as dimensões contadas por André Luiz. Espírita, o cineasta Wagner de Assis, fala em entrevista para o Correio Fraterno como foram os bastidores dessa superprodução que retrata a profunda problemática do destino e do ser.

1.)Por que a história de Nosso lar foi escolhida para ir às telas?

R.)Não há quem não leia Nosso lar e não tenha uma experiência única - desde a temática, passando pela força da narrativa até a visualização de tamanhas novidades. É uma história poderosa em inúmeros aspectos, mas que precisava da hora certa para ser feita no cinema, com a tecnologia correta e viável. Acredito que o cinema reflete muito o seu tempo - entre outras tantas qualidades. Os tempos de hoje são os "chegados", como já anunciado. Tempos de transição, de necessidades urgentes para o ser humano. Uma história assim reflete seu tempo.

2.)Wagner, você assumiu o roteiro e direção do filme. Em relação ao roteiro, quais os desafios de um filme que trata de uma questão de difícil assimilação para a maioria das pessoas, que é a imortalidade do espírito?

Antes de tudo, sabíamos da importância do livro e respeitamos em todos os momentos a obra em questão. Nunca pensamos em dar "voos" diferentes do que o que já estava nas páginas. Mas cinema é uma história contada em menos de duas horas e, assim, tínhamos que exercitar a síntese e encontrar os melhores pontos da história. Os desafios foram muitos - fazer as escolhas certas para a história ser bem contada na tela. Há dezenas de histórias diferentes em Nosso lar. Tínhamos que escolher em função do protagonista. Espero que tenhamos acertado. O roteiro buscou a essência do livro - um homem acorda no mundo espiritual. Esse é o plot dramático - descobrir um novo mundo. Mas dentro disso há inúmeras questões - que mundo é esse? O que acontece com ele?O que fazer a partir dali? Acho que roteirizar é ver o filme antes de todo mundo e colocar no papel. E, dentro dessa jornada de descobertas, vemos que ela se transforma numa jornada de superação e aprendizado. Há pessoas que cruzam o caminho deste homem, há novos paradigmas a serem vividos, há questões ainda não respondidas no passado.

3.)Como foi a pós-produção?

Os efeitos são um ponto vital para a história. Não é a coisa mais importante do filme. Mas precisávamos criar uma cidade no computador e lidar com ela durante as filmagens. Filmamos sempre no limite do cenário construído e do cenário virtual que seria acrescido. Tivemos supervisores de efeitos visuais no set e depois mais de 90 profissionais passaram pelo projeto em Toronto, no Canadá. Um dia a dia intenso, quase como uma nova filmagem.Tivemos dias com mil figurantes, equipes de preparação enormes, virando 24h por dia para que tudo pudesse ser feito. E isso apenas no mundo encarnado!

4.)Em quanto tempo se deu esse trabalho até a finalização?

Filmamos em oito semanas. Pré-produzimos em 12 semanas. E pós-produzimos em nove meses quase. Desde que os direitos foram negociados, são quatro anos. Não planejávamos estrear em 2010, não tínhamos consciência do grande momento em relação ao Chico Xavier. Estava tudo planejado na espiritualidade. Fomos apenas os mecanismos. Não houve um dia sequer durante este trabalho que não senti a magia presente em nossas vidas. Um aprendizado e tanto.

5.)O ano de 2010 está se consolidando como o ano dos filmes espíritas em função do centenário de Chico Xavier. As questões transcendentais que sempre acompanharam a jornada humana se fazem agora mais presentes?

Acho que o cinema reflete seu tempo. Não sei se é um novo filão. Também não entendo o que são "filmes espíritas" - criando um gênero que não sei muito bem como é. Até agora, houve duas cinebiografias e teremos um drama, que é o Nosso lar. O tema espiritualidade certamente veio para ficar novamente. Ou melhor, retornou ao convívio das pessoas, sem medos, sem problemas em celebrar a espiritualidade. Já ouvi que é uma nova "invasão organizada" da realidade da vida espiritual, assim como houve no século XIX com o Allan Kardec e as próprias Irmãs Fox na América do Norte.

6.)Qual foi, afinal, o ponto alto para você Wagner, ao fazer esse filme? Há projetos envolvendo mais filmes nessa linha?

Acho que sair de uma vontade pessoal e encontrar tantas pessoas que tornem essa vontade real é um aprendizado pra vida toda. Aprender a acreditar cada vez mais. E a entender que somos apenas mecanismos. Cinema é a arte de todos juntos. Ao mesmo tempo, saber que a espiritualidade permitiu que esse trabalho fosse feito - porque deduzimos que se não fosse para ser feito, certamente não estaríamos aqui - é um motivo de agradecimento eterno. Sempre há novas histórias e novos projetos. Afinal, o André escreveu 16 livros, né?

Precisamos que todos os espíritas sintam-se "responsáveis" e nos ajudem a multiplicar a informação que o filme existe. Precisamos que essa "maioria silenciosa" que, acredito, existe no país, se manifeste agora de forma contundente para ir ao cinema. E isso não é só pelo filme. É pela temática - vida espiritual - e pelos novos tempos. Esperamos vocês lá!

As portas que se abrem
O telefone toca. Do outro lado dá para sentir o entusiasmo do ator Renato Prieto quando ouve a proposta da entrevista: falar sobre seu personagem André Luiz, no filme Nosso lar. O capixaba que mora no Rio de Janeiro, tem 25 anos de carreira em televisão e teatro. Renato foi visto por Wagner de Assis na peça espírita Vidas passadas. O convite para que ele se preparasse para viver André Luiz, veio em seguida. Também espírita, o ator foi buscar na obra de Chico Xavier inspiração: - “À medida que iam se aproximando as filmagens revi muitas outras vezes. Compor o personagem foi uma grande amorosa batalha, já que ele é diametralmente diferente de mim. Foi necessário vivenciar cada passo da sua jornada. Colocar-me no lugar dele e não julgar.

Entre os desafios, estava a necessidade de emagrecer em quarenta e cinco dias, dezoito quilos para representar a condição de André Luiz em seu despertar do lado de lá. Prieto relata clima de harmonia e respeito nos bastidores. Com a atriz Selma Egrei, que faz o papel da mãe de André Luiz, sempre se emocionava. Responsabilidade e gratidão são os sentimentos que marcaram esse trabalho para o ator.

A sintonia da equipe de Nosso lar com a Federação Espírita Brasileira ficou marcada também na participação que tiveram na reunião especial do Conselho Federativo Nacional realizado em Brasília, em abril, de acordo com o Secretário geral do Conselho, Antonio Cesar Perri de Carvalho: “- Eles prestaram algumas interessantes informações sobre a sensação de envolvimento espiritual durante as filmagens. Os comentários e informações da equipe do filme provocaram grandes expectativas.”

Uma dúvida surge: o risco de que o grande público nivele o entendimento do desencarne de André Luiz como regra geral. Afinal, temos entre as cinco obras básicas que compõem a codificação espírita, o livro O Céu e o inferno de Allan Kardec, que demonstra alem da imortalidade do Espírito, a consequente condição que ele usufruirá no Mundo Espiritual, em seu despertar como consequência de seus próprios atos. São muitos os depoimentos dos Espíritos que despertaram venturosos e outros que não, em função de como viveram. De modo particular, a colheita é para cada um segundo as suas obras, como disse um dia Jesus. Cesar Perri, vê Nosso lar nas telas será como uma porta que se abre para novas buscas: - “A desencarnação, atendimentos iniciais e adaptações do espírito André Luiz não foram nada fáceis. Imagino que a maioria das desencarnações sejam até mais complicadas. Os que tiverem dúvidas buscarão a leitura dos livros correlatos. Todo filme provoca o estímulo à leitura do livro que o gerou e dos similares. Será um bom estímulo inicial à leitura e à reflexão sobre as questões de vida e de morte. Caberá ao Movimento Espírita gerar uma onda de esclarecimentos e de analogias com obras sérias. Infelizmente, a obra "O Céu e o Inferno" é muito pouco estudada e divulgada entre os próprios espíritas e, sem dúvida, será um excelente momento de alavancar sua difusão.”

O cineasta Wagner de Assis concorda com Perri: -“Uma das nossas preocupações é justamente não deixar que as pessoas “rotulem” o personagem”. O conceito de suicídio inconsciente é muito forte e vemos que impacta muitas pessoas. Mas ele é "autoexplicativo" e esperamos que, nesse quesito, o público possa refletir e ponderar. Claro que sempre há riscos quando se lida com meios de comunicação de massa - variadas interpretações, todos os tipos de entendimentos. Quem quiser se aprofundar nos temas da história, nada melhor que ler Nosso lar e, quem sabe, os demais livros da série André Luiz.”

Recorro ainda ao próprio André Luiz, que sintetiza sabiamente: -“O simples ‘baixar do pano’ não resolve transcendentes questões do infinito”. Uma existência é um ato. Um corpo, uma veste. Um século, um dia. Um serviço, uma experiência. Um triunfo, uma aquisição. Uma morte, um sopro renovador. Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?”

O recado está dado.







terça-feira, 7 de setembro de 2010

O NOSSO SETE DE SETEMBRO PARTICULAR

É inevitável. Todo sete de Setembro ficamos envolvidos pela recordação de que sim, Graças a Deus e aos homens de boa vontade e boa cabeça, somos um país livre. Mas por isso mesmo, a mídia não tem como fugir das transmissões da parada militar e das escolas públicas que se revezam nas principais avenidas e nos ceús (meu filho Duda estava lá no desfile aéreo do Rio de Janeiro!)das capitais de todo Brasil. Mas isso me faz pensar em outro sentimento de liberdade e também no que efetivamente significa "ser livre"... 
Nascemos livres, dotados do livre-arbítrio para pensar e consequentemente agir. Mas como seres permanentemente em processo educacional, precisamos de nossos pais na infância delineando limites e corrigindo nossas tendências aos abusos e a sermos naturalmente espaçosos. Nesse mundo moderno, no entanto, alguns pais corroídos pela culpa e angústia do pouco tempo com seus filhos, relaxam nesse processo de orientação e afrouxam as rédeas. O que é uma pena para ambos, pois algumas regras e restrições ao longo da meninice ensinam o respeito ao próximo e aos direitos de todos nós.
Na juventude, não tem jeito!Nos achamos donos do mundo e queremos a todo custo transformá-lo de acordo com nossa ótica bastante apaixonada e pouco prática. Mas tudo bem, afinal a paixão e a energia fazem parte da busca de nossos valores pessoais e da construção da nossa identidade. Porém, ainda aqui ajuda bastante aquela conversa amiga ao pé do ouvido, mostrando o que é invisível aos olhos jovens e imaturos, ou seja, o mundo é transformado dentro de nós e não fora, ou como diria nosso saudoso Mahatma Gandhi: "Faça em você as mudanças que quer ver no mundo."!
Enfim vem a maturidade e com ela a enxurrada de responsabilidades e compromissos que caracterizam essa fase. Somos então engolidos pelo fazer, pelo conquistar, pelo ter, mas sempre livres para escolher. Queremos as coisas que nos fazem respeitados, amados e às vezes temidos e poderosos. Situações que trazem não raro, dor e afastamento das verdadeiras alegrias. Aquelas que diferem muito em essência do entusiasmo passageiro do carro novo parado ali  na nossa porta, ou do apartamento luxuoso que compramos no bairro mais caro da cidade: símbolos de um status que parecem nos dar poder sob o signo de quem tem mais pode mais...Será?
Humildemente discordo porque se assim fosse não haveria ricos infelizes e insatisfeitos com suas aquisições e sua liberdade. Há tantos deles nos consultórios de análise! O que não deixa de ser bastante positivo, pois estão tentando se entender, se conhecer. Esse, já é um grande passo. Mas e as nossas conquistas intelectuais, aquelas que com nossa liberdade percorremos ao longo de nossas vidas, como a melhor faculdade, a pós-graduação, o mestrado e o doutorado, que nos trarão mais do que conhecimento, nos trarão vaidade e orgulho por ostentarmos um brilhante "doutor" antes do nosso nome. Ah, mas até aí você vê problema, você pode estar se perguntando. Então cultura não é tudo? É sim importante, fundamental para nossa produtividade melhor fluir e para que possamos contribuir para a nossa melhora e também do nosso próximo. Mas essas conquistas também dependem do ponto de partida, do que nos move ao buscá-las. Por que afinal queremos esses títulos? Seremos interiormente melhores? Mais humanos, mais gentis, mais solidários com os que nos cercam? Menos preconceituosos? Menos excludentes?
Tudo isso me faz lembrar o apostolo Paulo que era um rabino, um doutor da lei, profundamente respeitado por seus pares e livre para em nome das leis Mosaícas perseguir os Cristãos. Mas que de repente, também livre para escolher, deixou de ser perseguidor e tornou-se divulgador do Cristianismo legando a todos nós Ocidentais a verdadeira liberdade, que é a liberdade vivida pelo mais livre de todos os homens, que já passou por esse ainda primitivo planeta: Jesus.
Pois fecho meu sete de Setembro particular, resgatando Paulo num trecho de sua carta aos Gálatas (povo de origem Céltica que vivia na Ásia Menor)capítulo cinco, versículo 13, que diz assim: "Porque vós irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne; antes, pelo amor, servi-vos uns aos outros."
Questão de liberdade e de escolha!

Nando em 2007 livre (mas não tão plenamente como está agora!)na Praia da Pipa (Natal) com meu pai, que também caminha para sua liberdade!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um Correio Fraterno para todos nós

Somos bombardeados cotidianamente com um mundo de informações assustadoras que não constroem nada, mas ajudam consideravelmente a aumentar nossa sensação de impotência e imobilidade diante da crueldade que faz parte de nossa condição humana, no estágio evolutivo em que nos encontramos.
A mídia apenas e tão somente nos devolve o que produzimos e refletimos: violência, miséria, opressão e ignorância. Assim não sei se concordo com os críticos mais acirrados que propagam aos quatro ventos a nossa produção jornalística como sensacionalista. Acredito que se ela está aí é porque tem público, tem audiência, caso contrário aí não estaria. A mídia como tudo nesse mundo material, acompanha as tendências, mais que isso as necessidades expressas de forma muito clara pelos índices do Ibope.
Mas eu acredito na capacidade de escolha e na inteligência humana, assim evolutivamente deixaremos, um dia, de contaminar nosso olhar com o desprezível, o deselegante, o cruel e o desumano. Ansiamos como Espíritos que somos todos nós, pelo belo, pelo bom e pelo justo.E como achar esse caminho? Sem receitas, dicas ou conselhos pois sou muito rasteira para isso, vejo no cultivo interior de nossos melhores sentimentos o começo de uma nova era, onde buscaremos as boas notícias que fazem vibrar nossos corações e que acendem em nós lampejos de esperança, a esperança do recomeço, do refazimento interior. De nosa reconquista interna.
Celebraremos as conquistas tecnológicas da mídia digital que diminuem os impactos e as distâncias sociais, buscaremos a literatura saneadora que desenha a superação de nosso egoísmo crônico e de nossa incapacidade atual para a luz.
A verdade é que somos Espíritos viajores em jornadas particulares (muitas vezes sofrida) que nos farão melhores do que somos hoje e do que fomos ontem e assim nossa mídia também será. Haverá um dia, que o homem só terá olhos e ouvidos para o bem e o bom, por um processo natural, seletivo mesmo, de sua caminhada individual e então o mundo das telas, tvs, revistas e jornais será outro: íntegro, leve e bonito.
Enquanto estamos ocupados com a construção de nós mesmos e consequentemente dessa mídia, indico aos meus amigos leitores um site que é  leveza, estilo e conteúdo sempre. Leiamos o Correio Fraterno do ABC em http://www.correiofraterno.com.br/.
Assim quem sabe não receberemos à porta de nossa casa de novo, aquele carteiro amigável, o Correio Fraterno, que com certeza nos trará só coisas boas? Por uma questão filosófica, eu acredito sinceramente nisso!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Se os seus olhos forem bons...: O TEMPO DO MAL DE ALZHEIMER E O TEMPO DE TODOS NÓS...

Se os seus olhos forem bons...: O TEMPO DO MAL DE ALZHEIMER E O TEMPO DE TODOS NÓS...: "Os lindos olhos azuis dela já não brilham mais como as contas de vidro de um colar. Também parecem ter perdido a destreza de mil direções e ..."

O TEMPO DO MAL DE ALZHEIMER E O TEMPO DE TODOS NÓS

Os lindos olhos azuis dela já não brilham mais como as contas de vidro de um colar. Também parecem ter perdido a destreza de mil direções e os registros simultâneos e espertos que faziam. Estão mais lentos, presos a um foco de cada vez, porém ganharam em profundidade, registram agora a memória de um tempo que se foi e a sabedoria da seleção do que ainda vale ser captado. Como seus olhos, toda a expressão de seu corpo está descompassada e parece deslocada dela mesma. Ainda assim minha mãe continua bela em seu processo de envelhecimento. As perdas se sucedem porque ela escolhe agora o que vale a pena ser mantido. Como um guarda roupa que é esvaziado pois seu conteúdo não tem mais uso, minha mãe limpa sua mente de tudo aquilo que considera agora de pouca importância. Ela já não se lembra dos nomes das ruas dessa nossa gigantesca cidade e que tinha na ponta da língua,recitando com segurança a quem perguntasse. Perdeu a referência das histórias que nos contava, e quase sempre está silenciosa e distante, sabe-se lá aonde... Mas curioso, não há tristeza nesse desligamento. Para mim, ela continua buscando. Só que agora, o invisível, o que é essencial para uma construção nova de si mesma e do caminho que começa a trilhar. Meu pai também faz sua trajetória, mas é verborrágica. Feita de muitas perguntas, repetitivas, óbvias, mas ainda assim envolvidas em ternura. Isso ele não perdeu, continua o doce e gentil pai que sempre tivemos orgulho de apresentar aos amigos, namorados e conhecidos. Papai é o amor no olhar, a bondade na disponibilidade de sempre para tudo e para todos, seja quem for. Ele também está partindo em busca de outra história, em outro plano. Meus pais, casados há 51 anos estão com Alzheimer e nós, as filhas aprendendo um novo tempo, o tempo deles que não é o nosso, mas que de alguma maneira, se conectam.
Não fomos preparadas para caminhar nesse tempo deles, tudo parece estranho e de certo modo angustiante, mas por incrível que pareça com um certo otimismo pode-se ganhar com isso. Estamos devolvendo a candura e preocupação com que nossa mãe nos tratou, as quatro filhas. As conversas com minha mãe agora são marcadas por um falar docemente infantil, como se ela fosse a nossa garotinha.E ela se delicia com esse pequeno mimo, sente-se protegida. Meu pai, precisa das respostas constantes, dadas seguidamente como se o assunto proposto não tivesse sido ventilado. Exercitamos a paciência, - tão limitada numa época imediatista como a nossa - devolvendo as perguntas e as respostas que ele já conhece.Esse caminhar está nos mostrando, que essa doença é a doença da afetividade, porque não é para os pais, mas para os filhos.Eles tornam-se dependentes como nós fomos um dia, e buscam o calor que nos deram um dia. Chegou a nossa vez de retribuirmos a construção dessa relação. Fica na minha memória um momento da "juventude" deles em plena maturidade, quando há quatro anos eles foram com meu filho Nando, na época com 24 anos, numa balada em Natal. Nando sentiu-se premiado, era o único entre tantos jovens compartilhando uma banda de rock com os avós!

Serviço: informações a respeito do Mal de Alzheimer buscar emwww.alzheimermed.com.br

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ele tem 23 anos. Tímido, dono de olhos negros muito expressivos está vestindo calça jeans, tênis e camiseta. Passaria por um jovem comum entre tantos que andam por aí movidos por ideais e sonhos, construindo suas histórias, não fosse pelo rosto pintado e o lindo cocar que usa sobre os cabelos lisos e brilhantes.

Ele é um índio. Mais do que isso, é um pajé ! Pajé Txana Dasu. Mas como assim pajé? Você, amigo leitor, deve estar se perguntando, pois eu também fiz a mesma pergunta para ele. O próprio explica com uma fala mansa característica dos que usam o tempo sem pressa ou sofreguidão, mas com sabedoria: “Eu sou da tribo Huni Kuin Kaxinawa. Vim do Acre e aprendi a pajelança com a minha mãe. Mas eu também nasci com esse dom, dom de Deus, que a gente recebe. Dom gratuito que não pode ser cobrado. É para ajudar o irmão.”

Sensibilidade e profundidade são marcas da personalidade desse pajé que há sete meses está em São Paulo, na região de Barueri, fazendo o que ele mesmo chama de intercâmbio cultural. Desenvolvendo o xamanismo ele trabalha na sua comunidade com a farmácia natural ou Medicina da Floresta, aquela que considera o homem holisticamente, mais que um corpo a ser tratado. Mais precisamente, um corpo habitado por um espírito, por uma psique, que se relaciona com o meio ambiente permanentemente por ser parte dele.

O xamanismo tem como referência o Universo e os arquétipos do Xamã. Está focado no autoconhecimento, nos dons e potencialidades vindos da percepção, da intuição e da sensibilidade que vai lá, buscar na essência humana o porquê das doenças, das fragilidades. A cura se dá através do uso e manipulação de ervas com banhos, beberagens, chás, defumações. Pesquisas revelam que o xamanismo é prática espiritual das mais antigas na história da humanidade, conta-se mais de cem mil anos. Os índios Kaxinawas, possuem uma visão xamânica baseada no yuxin. O que isso significa? Para eles a espiritualidade não é algo sobrenatural, mas, incorporada à natureza, está na fauna e na flora, em tudo o que os cerca. Essa presença espiritual permeia tudo, é organismo vivo na terra, na água, nos céus. Por isso eles mais que respeitam o meio ambiente, eles o reverenciam. Faz sentido. Sem a sustentabilidade, sem a preservação das florestas para os Kaxinawas não há vida. Assim, para o xamã que procura conhecer e se relacionar com o yuxin, é indispensável o bem estar da sua comunidade. O pajé Txana Dasu comenta que o xamanismo e a pajelança ensinam o homem a valorizar tudo o que é sagrado, o que se sente, o que se sonha, como se vive e se relaciona com a Mãe Terra.

Resgato uma afirmação feita por ele a respeito do bem estar que devemos desfrutar para termos saúde. Pergunto: “Mas pajé então as doenças do homem branco estão relacionadas com o desenvolvimento urbano e o progresso?” A resposta vem acompanhada de argumentação sólida. Diz ele: “O homem branco, das cidades, não tem a mesma compreensão que o índio. O índio nas florestas é muito mais tranquilo. Na cidade você se alimenta com alimentos que não trazem a saúde. O índio já tem uma alimentação diferente do branco. (“...) As doenças, vem surgindo por causa de muita poluição. A Medicina da Floresta limpa o corpo e o espírito”.

Espírito de sobrevivência, diríamos nós se considerarmos a trajetória de nossos irmãos indígenas, olhando a nossa própria história. A comunidade dos Kaxinawas, assim como os Animawa Kampa, os Kutukinas, os Kontanaya e tantas outras que habitavam o alto Juruá enfrentaram dizimação em massa por causa dos processos de exploração. No século dezoito, foram os colonizadores em busca de escravos. No século dezenove, as invasões tornaram-se frequentes em função da borracha, obrigando os índios a mudanças culturais e de convívio que acabaram trazendo doenças para eles desconhecidas até então, como o caso do sarampo.

De acordo com o Censo de 2000 existiam 1400 habitantes da etnia no Brasil, enquanto que na Amazônia Peruana, apontava para 3964 habitantes desta comunidade. Vivendo do manejo de árvores na floresta, plantando especialmente aquelas destinadas à construção de canoas e casas, os Kaxinawas também cultivam feijão, mandioca, milho, banana, abacaxi, amendoim e algodão em roçadas. O algodão é usado intensivamente pelas mulheres Kaxinawas, que inspiradas na habilidade da aranha, tecem lindas esteiras e cestos com desenhos chamados Kene Kuim. Elas usam tinta de jenipapo, para também adornarem seus corpos em festividades como casamentos, passagem da vida infantil para a adulta e outros ritos valiosos na cultura indígena. A caça é de uso exclusivo do homem que profundo conhecedor dos hábitos e costumes dos animais, consegue imitá-los.

E exatamente por causa dessa riqueza cultural e visão sempre atual de preservação e sustentabilidade que o movimento ecológico – Movieco, sediado em Barueri convidou o pajé para uma conversa esclarecedora com o “homem branco” na II semana do Meio Ambiente, realizada no Ganha-tempo, coração do município. Lilian Pereira, que trabalha como controladora de acesso e segurança, passava por ali no momento em que o pajé dava informações sobre os costumes de seu povo. Respeitosa, pediu licença e de posse do microfone disse: “Vocês são verdadeiros heróis, defendendo a Amazônia que é o coração do Brasil.”

Ela tem razão se pensarmos na mensagem que o pajé traz a todos nós para reflexão; diz ele: “O que eu posso dizer com muito respeito e humildade é que o homem branco tenha mais consciência dentro de si e que a Mãe Terra é muito importante para nós, porque é dela que a gente tira o pão nosso de cada dia. Essa terra está sendo explorada; não há compreensão de respeitar. (...) Hoje o homem branco não chega na beira do rio. As florestas não existem mais!”

Nos próximos três anos, o pajé que foi substituído temporariamente na função entre os Kaxinawas, está com uma agenda parecida com a do “homem branco”. Ele viajará pelo Brasil e para a Índia, levando sua mensagem de um mundo mais saudável, sustentável e preservado.

terça-feira, 8 de junho de 2010

FALANDO SOBRE UM MUNDO SUSTENTÁVEL E PRESERVADO...

O cheiro agradável de flores invadiu o ar acompanhado do violão ritmado. No centro da roda, um índio, o xamã da tribo, médico respeitado por sua ancestralidade, conhecimento e poder, cuida de um homem branco que está morrendo. O elemento feminino se faz presente na personalidade de uma índia que dança, espalhando a cura com ervas escolhidas com propósito definido e muita sensibilidade... Mas ao contrário do que você pode estar imaginando agora, não estamos numa bucólica mata preservada de qualquer ação humana. Estamos no coração de Barueri, no movimentado Ganha-tempo, onde diariamente circulam perto de cinco mil pessoas para resolverem problemas característicos do mais típico processo de urbanização: ali tira-se carteira de indentidade, encontra-se assistência jurídica, busca-se proteção do Procon e tantos outros serviços naturais e necessários para quem vive nas grandes cidades.

Acontece que o Ganha-tempo durante uma semana é o palco escolhido para se pensar, refletir e discutir a II semana do Meio – Ambiente. A iniciativa é do Movieco – Movimento Ecológico ambientalista de Barueri que desde 1998 vem trabalhando na educação ambiental, na região metropolitana do estado de São Paulo e que faz parte da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê trecho Pinheiros – Pirápora.

O motorista de ônibus Robson Fernando Magalhães está de pé com a filhinha Sofia adormecida nos seus braços; atento, Robson acompanha as apresentações que se sucedem ali, bem na entrada do Ganha-tempo. Ele veio com a família resolver uma questão de documentos, mas não resistiu, curioso parou para assistir ao grupo Tragôdia Teatral Onírico. O grupo capitaneado pelo ator Adamo Uriel Zilis evoca a carta do chefe Seattle, um dos mais belos e profundos manifestos de respeito à vida e ao Meio Ambiente. A carta foi escrita em 1854 e é endereçada ao presidente dos Estados Unidos, que na época pretendia comprar as terras onde viviam os índios Suquamish, para situá-los numa pequena reserva. O que nós aqui em Barueri e no Brasil temos com isso? Muito mais do que se imagina... A carta do Chefe Seattle é um documento atualíssimo e universal quando se pensa em todo o processo de aculturação ao qual nossos índios tiveram que se submeter. Mais ainda quando se fala em preservação de mata nativa!

Adamo Zilis, o ator que evoca a memória do chefe Seattle comenta: “A mensagem é tão atual. Parece que acabou de ser escrita. (...) É uma semente que fica para a reflexão de todos nós. (...) Eu trago essa particularidade desde a infância. Eu tenho muita afinidade com a cultura indígena, com a preservação da fauna e da flora, que estão ligadas ao xamanismo. Sem isso não tem cura para o índio. O xamã é o médico dos índios. Entre os povos gregos, pelo teatro se buscava a cura e entre os árabes era a música a responsável pela saúde do espírito.”

Com uma agenda de atividades focada na educação, com múltiplas ações como a coordenação de grupos de estudo, consultoria em gestão ambiental e desenvolvimento de programas em setores públicos e privados, o Movieco, também aposta no teatro como ferramenta lúdica de conscientização e mudança de paradigmas.

O projeto “Bicho é o bicho” que tem como alicerce a literatura, a música e o teatro, também se apresentou no Ganha-tempo para uma plateia pra lá de seleta e entusiasmada: sim você acertou no público-alvo das ações ambientais: as crianças! Afinal é com elas que se dá todo o despertamento da consciência socioambiental. Elas são os agentes multiplicadores mais eficientes na educação de todos nós, os adultos.

A socióloga Lou Spinelli com vinte anos de experiência no Terceiro Setor em instituições nacionais e internacionais em projetos socioambientais, uniu-se a musicista e talentosa cantora paraense Giselle Griz, de olho nesse público que é sintonizado, inteligente e ávido por informação.

Elas trouxeram de casa a história da gatinha seamesa Kira, que ganha as páginas de um lindo livro infantil que leva o pequeno leitor num passeio pelo universo da nossa pungente Amazônia... Não há criança (e adulto!) que não se encante com o enredo criativo, delicado e embalado pelas lindas canções de autoria de Giselle Griz. O livro com Cd foi lançado na XIII feira Pan-amazônica do livro, um importante cenário literário infantil. Para a assessora da Secretaria de Cultura do Pará, Zana Moura, a iniciativa tem um grande peso na educação ambiental privada e pública do estado:“A questão da área ambiental é muito trabalhada na feira Pan-amazônica do livro. Lá existe a parceria com as escolas públicas e privadas. Mas as escolas públicas respondem com oitenta por cento disso.”

Parceria, que as autoras de “Kira” estão buscando em São Paulo como declara Lou Spineli:“Nosso maior objetivo é trabalhar com escolas públicas, movimentos de bairros, ONGs. O que a gente tem procurado fazer e ainda não se concretizou é parceria com os governos, com os municípios para que a gente possa fazer doação de livros e não venda”. Como o projeto “bicho é o Bicho” é independente, Lou Spineli e Giselle Griz estão assumindo todos os custos com o livro, cd e a performance teatral que acompanha a apresentação de “kira” para o publico infantil.

O pequeno Bruno, de cinco anos de idade, filho do motorista de ônibus entrevistado, Robson Fernando Magalhães, teve que sair praticamente arrastado pela mãe da apresentação do “Bicho é o Bicho”. A mãe tinha que trabalhar e o garotinho não conseguia desgrudar os olhos das personagens ali na frente. Só depois de beijos, fotos e abraços, ele se conformou - e de pescoço torto- saiu lançando um olhar “cumprido” para Kira, a gatinha ambientalista...

É ver para se apaixonar também. Criança sabe o que quer!
Contatos
Bicho é o Bicho: louspineli@girandolacultural.com
Tragôdia Teatral Onírica : serpenteuivante@yahoo.com.br


quinta-feira, 3 de junho de 2010

PARA ONDE A ANSIEDADE NOS LEVA?

Nina atende o celular enquanto dirige e entre um sinal que abre e fecha agenda dois compromissos para aquela manhã. Olha o relógio e calcula o tempo...será que dá? será que chego, que dou conta? A manhã está ensolarada e pela janela do carro a brisa traz o cheiro do mar, um delicioso convite para nada fazer, apenas contemplar. Mas a agenda de Nina grita, cobra e exige. Ela não sente o sol, não respira o aroma do mar, não se pemite observar. Está ansiosa mal começou o dia! Nina anda pressionada pelos compromissos da vida, pelos múltiplos encargos assumidos, pelas relações familiares aos trancos e barrancos, por tudo tão urgente, descartável e imediato! A vida parece escorrer pelas horas consumidas fora de si, totalmente fora de si. Há quanto tempo ela não chora estirada no sofá? Por quê não busca mais o colo da mãe para aquele gostoso cafuné? As violetas de sua varanda deram flor e ela só as viu de longe quando chegava carregada de compras da rua! Nina automatizou seus atos e gestos para cumprir com as exigências de uma existência atribulada e a ansiedade, agora mora dentro dela. A ansiedade é sua grande companheira.
Nina trabalha seus pensamentos e consequentemente suas ações na construção de muita atribulação por causa das escolhas que fez. Sua alma atormentada envia os mais variados alarmes de que as coisas não vão bem. A insônia, a impaciência, a irritabilidade e a angústia estão traduzidas em sintomas físicos: ela trata uma úlcera e a síndrome do pânico não dá sinais de melhora. 
Nina gasta toda sua energia espiritual idealizando ansiosamente seu futuro: cria expectativas fantásticas e metas que a fazem sofrer ainda mais quando não as consegue atingir. Preocupa-se com as festas que irá, com o tipo de companheiro que terá, se já não passou da hora de ter filhos, e a aquela promoção que não chega? Ela quer trocar o carro, viajar, casar, enfim...Nina colhe as frustrações da ansiedade de uma vida projetada e não vivida. A medida que ela busca ansiosamente e não alcança, frustra-se. Porém, segue adiante sempre buscando mais sem se olhar, sem se perguntar por quê? para quê? quero mesmo isso?
Quantas Ninas não encontramos por aí ou em nós mesmos, desorientadas e tragadas pela ansiedade que não poderá alterar nosso caminho? Onde encontraremos um tempo dentro de nós para contemplarmos uma bela manhã de sol, os botões da flor que cuidamos e abriram? Como conciliaremos o amor dos que amamos com a elegância de pequenos gestos delicados, como uma visita inesperada, um telefonema sem propósito definido?
Ansiamos tanto que não notamos que vida segue levada por um tempo que não volta. Precisamos viver, isso é um fato que traz agregado a si todos os compromissos inerentes, que como adultos, precisamos assumir, não se contesta isso.No entanto, exageramos, criamos processos dolorosos para nossos espíritos pressionados por necessidades dispensáveis. Sofrimentos adicionais a nossa alma já tão sufocada em si mesma.
Precisamos nos alimentar, nos vestir, nos intelectualizar, isso não é questionado. Mas precisamos sobretudo discernir e equilibrar os pesos e as medidas das coisas que carregaremos um dia dentro de nós e aquelas que ficarão aqui. Acumulamos a bagagem desnecessária. A bagagem que nos desapropria de nós mesmos. Nos perdemos tentando nos achar numa vida que muitas vezes responde a um ideal que verdadeiramente não é o nosso. É um ideal "idealizado", fabricado sabe-se lá porque e para quê!
Qual é a medida do necessário? Como pode o homem conhecer o limite do necessário, perguntou Allan Kardec aos espíritos que o orientavam...a resposta veio simples e objetiva no Livro dos Espíritos, na questão 715:"Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa."
Traduzindo: muitos de nós sabem dimensionar o necessário e então parar para escolher o que nos tornará mais felizes e plenos. Outros só o percebem depois que a dor se instala na alma através da ansiedade, da angústia e da tristeza crônica. Por isso os consultórios andam tão cheios...
Busco Jesus em sua sabedoria cósmica. Olhar de quem sempre viu longe e profundo. Está lá em Mateus, capítulo 6, versículo 25-26, a nossa disposição, para quem quiser ver, ou ter olhos de ver:" Por isso vos digo: não vos dê cuidados a vida, o que haveis de comer e o que haveis de beber;nem o vosso corpo, o que haveis de vestir. Não vale, porventura, mais a vida que o alimento, e o corpo mais que a vestimenta? Considerai as aves do céu; não semeiam, nem ceifam, nem recolhem em celeiros - vosso Pai celeste é que lhes dá de comer. Não sois vós, acaso, muito mais do que elas? Quem de vós pode, com todos os seus cuidados, prolongar a sua vida por um palmo sequer? E por que andais inquietos com que haveis de vestir? Considerai os lírios do campo, como crescem; não trabalham, nem fiam; e no entanto, vos digo que nem Salomão em toda sua glória se vestiu jamais como um deles. Se, pois Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé!" 

sexta-feira, 21 de maio de 2010

FRANCISCO DE ASSIS, O ARTESÃO DO AMOR



Quando criança, a  imagem de Francisco de Assis me magnetizava. Na época não tinha o menor conhecimento ou informação a respeito de quem teria sido esse homem ou de sua importância no cenário humano. O fato é que cresci hipnotizada por todas as imagens (de barro, madeira, ferro, tecido, gesso...) desenhos ou gravuras que o registrassem! Meu coração batia descompassado quando eu encontrava uma dessas referências a Francisco de Assis. Tenho por isso, algumas em casa. Acontece que em nosso processo de busca e crescimento, as vezes precisamos de símbolos ou signos para nos conectarmos com a essência do que não é palpável, mas essencial. Com o tempo, dedicação, estudo, fé e perseverança vamos nos libertando dessas necessidades e a nossa conexão com a verdade da vida se instala sem a presença dessas simbologias, ocorre tão somente pelo sentimento e pelo pensamento. Por isso, a mais bela de todas as imagens que guardo do Poverello, a que está gravada no meu coração, não é uma imagem física ou material, é a imagem dele mesmo, construída no exercício do  verdadeiro Amor, um sentimento difícil de compreendermos, pois ainda estamos longe de vivê-lo aqui na Terra em função de nossa infância e imaturidade espiritual. Acontece que ainda não aprendemos a amar incondicionalmente. E Francisco amou assim, viveu assim, foi o artesão do Amor que trouxe de volta ao nosso planeta, o mais puro evangelho de Jesus, sufocado na Idade Média, a idade das trevas e das Cruzadas...
Para avaliarmos o que significa isso, precisamos voltar um pouquinho no tempo, mais precisamente para o dia 26 de Setembro de 1182, em Assis, região da Umbria, província de Perugia ao sul da Itália. Nascido numa abastada família, filho do respeitado e bem-sucedido comerciante Pietro Bernardone e de Dona Pica Bernardone, Francisco chega ao mundo e a despeito da posição social de seu lar, nasce com a mesma simplicidade de Jesus, no estábulo onde dormiam os animais de propriedade da família. Surpreendentemente não foi numa suntuosa cama de dossel que a mãe, D. Pica, encontrou o conforto que buscava para aquele momento sublime...
Criado com todo o luxo e a riqueza que o pai poderia lhe proprocionar, Francisco supera todas as expectativas a seu respeito, tornando-se um jovem alegre e vibrante, mas estranhamente tocado pelas sensações do espírito, quase nada pelo corpo. Profundamente ligado à natureza, passava horas em contemplação com a visão singela de um pássaro cantando ou de uma flor em botão. O que encantava Francisco eram os bens gratuitos que Deus oferece a todos nós, todos os dias, como o nascer do Sol, a brisa suave das manhãs, as chuvas de verão batendo na terra molhada. Sua integração com a obra de Deus era tamanha que numa ocasião enquanto pregava descalço e só pela cidade de Gubbio, ao norte de Assis, ele foi procurado pela comunidade local apavorada por um lobo feroz. Confiante nas possibilidades transformadoras do amor, indiferente ao instinto do animal, Francisco o procurou numa gruta. Amorosamente atraiu o lobo e o domesticou naquele momento num processo de simbiose que foi de alma a alma! Não havia medo no coração de Francisco e o animal captando isso, se entregou.
 Enfim não eram as moedas de ouro, os finos tecidos ou as jóias acumuladas por seu Pai que o atraíam para o ambiente doméstico, mas as conversas filosóficas com a mãe e a ex-escrava grega Jarla, que também o criou...Francisco buscava os valores espirituais e não os materiais, escolha que o distanciou do Pai, inconformado com as opções do filho, incompatível para os projetos de sucessão que Pietro Bernardone havia idealizado para ele!  
Se nos colocarmos no lugar de Pietro Bernardone, veremos que muitos de nós, ainda hoje, idealizamos para seus filhos projetos e sonhos que acreditamos, serem o melhor para eles. Fazemos por amor, por instinto de proteção, mas consideremos que fazemos também por ignorarmos que nossos filhos - por mais que os amemos - não são nossos, são de si mesmos e dos destinos que escolherem pelo livre-arbítrio dado por Deus a todos nós. Assim sentimos por Pietro Bernardone, compaixão, pois podemos nos ver um pouco nele...Já a mãe de Francisco, é a mãe que ama de forma aberta, incondicionalmente, sem expectativas e sonhos em relação ao filho, respeita-o e considera-o porque entende que suas opções e compromissos são maiores que sua posição terrena de filho. Dona Pica nos ensina a amar libertando, assim como Maria, a mãe de Jesus nos ensinou um dia! 
Essa reflexão que faço sobre os sentimentos dos pais de Francisco é porque muitos de nós são também pais e assim é sempre valioso meditarmos em "como estamos exercitando" nossa maternidade e paternidade. Tão pouco pretendo aqui contar a história da vida de Francisco de Assis, amplamente e lindamente contada por competentes escritores e pesquisadores em todo o mundo. Minha intenção é tentar resgatar um pouco do sentido da vinda desse Espírito de Luz entre nós, famintos que estamos de valores morais e éticos que nos retirem da desesperança e da tristeza existencial. Temos em Francisco um enorme manancial de alimento para nossas almas, de paz para nossa vida e de conduta reta até Jesus, nosso Mestre, em tudo e para tudo.
Francisco tão humano quanto nós, sofreu ao fazer suas escolhas, chorou ao deixar sua família, foi perseguido ao buscar uma vida à margem de tudo o que ditava a burguesia da época. Ele também se fez voluntariamente humilde para implantar o sentido real do evangelho de Jesus entre nós - prática de vida, roteiro de amor - para os chamados da última hora, que somos todos nós!
Francisco veio nos mostrar que o evangelho de Jesus não pede luxo, cátedra, ostentação ou aparência. O evangelho de Jesus é compartilhamento, é consideração uns pelos outros, é tolerância, é respeito, é dignidade e bem comum. Em uma palavra - que substancialmente ainda não conhecemos - é Amor!
Em todo ser vivo, animal, vegetal e humano há o essencial de Deus pulsando o bem, esperando adormecido potencialmente para ser posto em uso por todos nós. Francisco sabia disso por isso dominava os lobos, cantava com os pássaros e era seguido pelos peixes quando se abeirava dos rios e dos mares. Ele enxergava Deus em essência em tudo e em todos. Se pensarmos no significado que isso encerra, olharemos nosso planeta com mais respeito, fraternidade e consideração. Se evocarmos o espírito de Francisco de Assis em memória e exemplos, teremos um foco a iluminar nosso caminho em direção a luz.
Francisco de Assis veio como artesão do Amor, reacender a luz que Jesus nos trouxe um dia!
Basta a nós querermos seguí-la...
Para fechar, deixo aqui, como dica de livro " Francisco de Assis" de João Nunes Maia, pelo espírito de Miramez, Editora Fonte Viva.
Obrigada a todos e até mais!


quinta-feira, 13 de maio de 2010

O MOINHO DE PEDRA DO GUARAPIRANGA E O EXERCÍCIO DO AMOR

Há quinze anos atrás, a rotina de Rita de Cássia de Vicenzo, nas   terças-feiras era sempre a mesma. Quando saia da Puc, onde fazia mestrado, passava pela praça das Guianas e parava para comprar balas de algumas crianças que ficavam por ali, muitas vezes debaixo de chuva. Certas de que tia Rita viria, elas esperavam porque sabiam que ali estava a cliente certa: acontece que a advogada comprava todo o estoque para que as crianças fossem para casa mais cedo! A notícia se espalhou e logo o número de crianças era muito maior. Nas quartas, também passava pela praça, o tio Jura, um senhor que levava lanche para a criançada. Insatisfeita com a situação, Rita  considerou que sem instrução, educação e um direcionamento mais concreto, as crianças permaneceriam nas ruas sem direito a um futuro melhor...assim a advogada entrou em contato com as famílias e negociou cestas básicas em troca de frequência escolar.

Um tempo depois, sob a proteção de Francisco de Assis, ela e uma amiga estavam evangelizando as crianças na favela do Guarapiranga. A mudança precisava de uma estrutura sólida  que contasse com sustentação espiritual para todos, inclusive para as mães. A iniciativa recebeu apoio do Instituto Espírita Allan Kardec de Educação e assistência Espiritual e assim foram chegando coloboradores interessados em fazer diferença na vida daquelas crianças e adolescentes carentes da comunidade.


A arquiteta Zelma Cincotto viu ali uma oportunidade de trabalho onde a prática do amor, do equilíbrio  e do esforço conjunto cobrava uma formatação mais concreta - um local foi alugado para que fosse oferecido acolhimento para as crianças - assim nasceu o Moinho de Pedra do Guarapiranga, uma OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, sem fins lucrativos - essa adorável casa que você vê na foto ao lado. 

Outras tias como  Tita,  Rosana,  Cecília,  Diana e os tios Zé Luis e Rodrigo, vieram somar atenção, esclarecimento e orientação para as 80 crianças e adolescentes carentes, entre 3 e 17 anos de idade, que são atendidas. Na casa, elas recebem reforço escolar acompanhado pelo cuidadoso olhar da pedagoga Diana Granato e da professora Juliana, moradora da comunidade.
Diana também realiza psicodrama com mães que encontram ali uma oportunidade de trabalho psicológico para suas vidas.
Todos os professores do Moinho cumprem um programa de evangelização espírita elaborado anualmente com o propósito de proporcionar para as crianças a possibilidade de mudança interior pautada na ética e na moral de Jesus, tão fundamental para todos nós...

O advogado Rodrigo Setaro conta que no balanço pessoal que faz das atividades com as crianças, chegou a conclusão que ganha muito com elas: "...O mais importante é a prova que estou passando em termos de paciência, ânimo e respeito. A convivência com as crianças do Moinho serve como um excelente laboratório de autoconhecimento, estou aprendendo mais com elas do que elas comigo."
O escritor Dias Campos, conta que : "Ir dar aulas de evangelização no Moinho tem sido mais que prazeroso; é um verdadeiro banquete! Aliás, é como costumo dizer para os alunos, de duas uma: ou isso é a mais pura verdade, ou eu sou o sujeito mais burro desse mundo, pois, mesmo tendo uma esposa que muito amo, um encanto de filhinho com quase dois anos e piscina no condomínio, jamais falto àquelas aulas, em que pese serem ministradas aos sábados de manhã, quando, via de regra, faz um sol maravilhoso. De outra parte, quando ex-alunos vêm nos visitar, nossos espíritos se abastecem de eflúvios divinos, pois abraçam-nos com toda força da verdadeira amizade, da verdadeira gratidão; e passamos a chorar em segredo, um choro de completa alegria."


Você consegue imaginar o efeito disso numa criança que muitas vezes nasceu num lar emocionalmente desestruturado?!


A casa é mantida com algumas doações,  e  parceiros importantes como New dog, Instituto Allan Kardec,  Bagel, Spinelli, e   a empresa Ninecon, além de pessoas físicas. Uma vez por mês também acontece um bazar beneficente coordenado por zelma Cincotto, que atraí a comunidade em busca de bons produtos como roupas, utensílios domésticos, brinquedos e peças de decoração com preços muito convidadivos, pois o objetivo é também proporcionar inclusão social no consumo para a comunidade do Guarapiranga. A estrutura do Moinho conta também com uma biblioteca e uma sala de informática, que foram gentilmente "clicadas" por Dias Campos para que você conhecesse um pouco desse cantinho protegido e abençoado por Francisco de Assis...
A verdade é que todos que lá trabalham, inclusive eu, recebem muito mais do que dão porque é no exercício do amor tão bem exemplificado por Francisco de Assis que aprendemos que dar é infinitamente mais gratificante do que receber...nossos corações agradecem!!
Experimente! Conheça pelo site www.moinhodepedra.com esse cantinho que é um pedaço do céu!


sexta-feira, 7 de maio de 2010

Se os seus olhos forem bons...

Se os seus olhos forem bons...

HOMENAGEM AO DIA DOS FILHOS...


Mais uma vez nesse segundo domingo de Maio comemora-se o dia das mães, mas eu optei por comemorar o "dia dos filhos" pois sem eles, nós, as mães não existiríamos...
Minha homenagem para eles, os filhos, se justifica porque um dia, eles nos escolheram para recebê-los dentro de nós, nos nossos corações e para os encaminharmos na vida. Sabe o que isso significa?
Que nessa escolha que fizeram, eles derramaram sobre nós confiança, amor e fé!
Confiança! Confiança de que somente nós estaríamos capacitadas para orientá-los e criá-los dando toda a formação moral e intelectual que precisariam para enfrentar as dificuldades da vida.
Amor! Amor o bastante para que nos aceitassem com nossas inseguranças, medos, angústias, fraquezas e outros quesitos tão comuns à alma feminina.
Fé! fé suficiente para crerem sem ver e sem testar anteriormente nossos atributos maternos. Eles assinaram uma folha em branco em que diziam apenas: "É essa a mãe que quero para mim, é essa mãe que preciso!"
Também são eles, os nossos filhos que nos ensinaram o dom da paciência, esse atributo divino que só os mansos alcançam depois de muita iluminação interior - e são eles, os nossos filhos - que nos trazem o indispensável exercício da paciência, quando pequeninos ficam doentes e nós insones precisamos estar calmas para cuidá-los. Quando adultos, também nos ensinam a paciência e a aceitação de quem respeita o filho com as escolhas que ele fez e não aquelas que um dia sonhamos para eles...
Eles nos impulsionam para a paciência quando transbordando energia nos obrigam a acompanhá-los num ritmo frenético que não olha a idade materna.
Nossos filhos também nos induzem ao paciente escutar quando adolescentes nos colocam diante dos maiores embates emocionais e psicológicos com eles e principalmente dentro de nós.
Eles, nossos filhos, nos ensinam a sermos mais generosas porque ao chegarem ao mundo e nos olharem pela primeira vez, fazem nosso coração experimentar um amor que só sabe dar e dar cada vez mais. A generosidade que não temos, que nos falta, aprendemos com eles, que nos tornam pessoas melhores, mais tolerantes com as nossas limitações e também com as dos outros. Eles enchem nossa casa e carro de amigos, nos transformam em motoristas e conselheiras permanentes deles e daqueles que eles consideram e escolheram para conviver - e nós acatamos com devoção e alegria! Eles estão sempre pedindo coisas, atenção e isso nos exercita na generosidade porque queremos atendê-los e acolhê-los em suas necessidades. Quando nos damos, recebemos muito mais em troca, nos alimentamos espiritualmente...
Nossos filhos também nos trazem amadurecimento e crescimento pessoal porque precisamos ser adultas para conseguirmos educá-los, protegê-los e ajudá-los em muitas das escolhas que fazem: a roupa da festa que irão, o que fazer depois do primeiro fora da namorada, como lidar com a rejeição, como secar as espinhas, que profissão escolher, o que falar para o amigo que rompeu com ele?
Eles nos ocupam, causam transtornos, noites mal-dormidas, consultas com especialistas, conversas na escola, dores de cabeça, insonia, preocupação, mas sobretudo, nos ensinam verdadeiramente a amar nos dando também oportunidade de progresso e crescimento! Sim nós evoluímos e mudamos, pois entramos frágeis e inseguras nas nossas empreitadas maternas e saímos indiscutivelmente mais fortes e vigorosas para os embates da vida! 
Nossos filhos é que merecem todas as honras, carinhos, flores e agradecimentos nesse dia das mães, por tudo que são para nós, mas principalmente porque nos transformaram em pessoas melhores. Ser mãe é mágico, é sublime,  é sem dúvida nenhuma, a maior de todos as realizações de nossas vidas! Sem eles, nós não teríamos vivido tudo isso! Não seríamos quem somos...

Agradeço ao meu filho Eduardo, que hoje tem 29 anos. Foi ele quem me despertou para o encantamento da maternidade! Com ele descobri realmente o que é amar... Também foi ele que me ensinou com sua maturidade o fato de que os filhos não são nossos, apenas vem para a vida através de nós!  obrigada filho por sua doçura, ternura e gentileza.
 Agradeço ao meu filho Fernando, que hoje teria 28  anos. Foi ele quem me despertou para a alegria de uma vida em constante ebulição, alegre e festeira, desprendida e generosa! Em sua rápida passagem pela Terra me fez conhecer a dor da separação partindo há três anos, mas me fazendo compreender que prosseguimos como mãe, sobrevivemos (inacreditavelmente sobrevivemos!) amando da mesma maneira que antes, sempre e cada vez mais...Ouço sua voz na minha mente quando a saudade dói, me trazendo calma e a certeza de que persiste vivo mais além. Sinto ainda o seu perfume envolvendo nossa casa quando meu pensamento busca o seu e posso vê-lo sambando de um jeito malandro que me encantava...
A verdade é que permanecemos em nossos filhos e eles permanecem em nós mesmo quando se tornam adultos, quando casam, quando partem de volta para Deus, afinal o amor é esse cordão umbilical que liga coração a coração, transpondo barreiras como o tempo, a distância, a vida e até a morte...
Obrigada Duda e Nando por terem me escolhido como mãe um dia, por terem apostado em mim e por terem feito de mim um ser humano melhor! Esse dia das mães é o dia de vocês! Amo vocês sempre!